sábado, 18 de fevereiro de 2012

Lei anti-games. Projeto de Lei do Senado n° 170.

Um senador brasileiro chamado Valdir Raupp lançou um projeto de lei para ser votado no senado que beira a estupidez. Beira não, é uma completa estupidez!
Este projeto de lei, se aprovado, alterará o art. 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 e incluirá os games tornando-os ilegais e, por consequência, crime o fato de comercializar, possuir, fabricar ou distribuir jogos de vídeo games que sejam "ofensivos aos bons costumes, às tradições dos povos, credos, religiões em território nacional".
Ofensivos aos bons costumes? O que isso exatamente quer dizer? 

Quais são estes costumes que são tão ofendidos que outros meios de entretenimento não estejam também "ofendendo"?
Valdir Raupp - O que te faz apto a decidir o que é bom ou mal costume?
Sinceramente é revoltante a pretensão de um senador julgar os bons costumes a serem defendidos com um projeto de lei tacanho como este, ou até mesmo acabar com uma grande fonte de renda para famílias que vivem desta indústria ou de suas ramificações, mas o principal problema não é esse.
Vivemos em uma sociedade em que o poder de sugestão é super-estimado. Tudo o que vem a acontecer no mundo deve haver uma motivação externa para ter uma valia de julgamento. "Uma pessoa matou alguém?... provavelmente joga vídeo games violentos, ou escuta rock and roll, ou vê novelas, ou livros." Na humanidade sempre existiu violência, assassinatos, adultérios, luta de religiões, mesmo antes do vídeo game e da televisão ou de qualquer outra forma de diversão que conhecemos hoje surgir. Então, porque o pensamento pequeno de achar que o "motivo" para todas as coisas ruins estejam motivadas por entretenimentos?
Além disso... qual seria a sugestão que Exmo. Senador Valdir Raupp sugere para outras coisas que não o vídeo game? Iremos queimar os livros de História pois falam de violência entre os povos? Queimamos também as obras clássicas de tragédia Grega pois elas abordam o adultério, ou patricídio, ou incesto? Nelson Rodrigues não deve mais ser permitido porque ele depõe contra a "família de bem"?
Mao Tsé-Tung já queimou livros uma vez, Hitler também, e com certeza teriam queimado vídeo games caso eles existissem naquela época... Não devemos permitir que um senador cujo discernimento e inteligência são notoriamente ínfimos atribuir a ele mesmo julgar o que se deve ou não ver, ouvir, jogar ou pensar.
Repudio este projeto de lei e qualquer outro que cerceie a nossa liberdade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário